Apresentação
O terceiro encontro bienal Arte, Cidade e Urbanidades pretende refletir sobre as disputas e redimensionamentos sociais, políticos e imaginários das urbanidades no atual cenário do Brasil e da América Latina, para estimular uma discussão de ações que surgem na interação entre corpos, territórios e experiências em espaços públicos. Em um momento de sobreposição de diferentes crises, desejamos pensar as reformulações e caminhos das estratégias artísticas em espaços urbanos na busca de proposições crítico-reflexivas que lidam com os desafios e as fronteiras da arte no contexto urbano. Nesse sentido, pretende-se refletir sobre as atuais urgências e emergências do espaço urbano por meio da arte, considerando os mecanismos que tornam a cidade um estado de exceção e as formas de existência/resistência diante dessas transformações.
O evento, que acontecerá no período de 30 de novembro a 04 de dezembro de 2020 é composto por uma programação online, com atividades (conversas, mesas, sessões temáticas, exposição, palestras). Artistas, pesquisadores, cientistas, professores, criadores, produtores de conteúdo, profissionais de diversas áreas e intelectuais de qualquer parte do mundo podem inscrever seus pesquisas/projetos teóricos (português/espanhol) para participar das sessões de comunicações e suas práticas artísticas para participar de uma exposição virtual.
Eixos temáticos
1. Ficção, Memória e Produção de Imaginários Urbanos
Investigações sobre as distintas formas de atuação artística em relação à memória e à produção de imaginários sobre as cidades e territórios, considerando a ficção como forma de produção, questionamento e reinvenção dos mesmos. Busca-se discutir ações individuais e coletivas que se relacionam com as narrativas históricas e participam na (re)invenção dos espaços e/ou monumentos públicos.
2. Expedições, Deslocamentos e Práticas artísticas
Investigações sobre as expedições e o deslocamento geográfico no campo da arte e as suas implicações éticas, políticas e estéticas sobre os diferentes territórios. Interessa discutir práticas e procedimentos de deslocamento e suas relações com as diferentes territorialidades; os trânsitos do corpo no território; as relações entre arte, etnografia, deslocamento e documentação.
3. Arte, Alimento e Paisagem
Investigações artísticas que lidam com os diversos aspectos do alimento. Comida como produtora de cultura e paisagem, que constitui sistemas de produção, circulação e consumo, estabelecendo relações entre territórios rurais/urbanos e (re)construindo paisagens naturais/culturais, e também como forma de utopia ética e estética, de encontro, troca, coletividade e partilha.
Exposição
A exposição A exceção e a regra: emergências urbanas busca reunir um conjunto de ações e intervenções urbanas, fotografias, registros de ações performativas que tomam as ruas e ocupam os espaços da cidade, ligados a temáticas, problemas e necessidades de contextos específicos, práticas transdisciplinares e colaborativas realizados em espaços públicos. No texto “A exceção e a regra”, 1929-1930, Bertolt Brecht tensiona a dimensão ficcional e narrativa da realidade, apontando para a inversão da lógica do uso da regra e da exceção. Tomamos de empréstimo esse raciocínio para pensar a condição do urbano no atual contexto da pandemia, ao inverter a lógica de usos do espaços, abolir a esfera pública, e acentuar as desigualdades, reduzindo a experiência espacial às atividade do espaço doméstico/privado/virtual. A exposição pretende a criação de uma constelação de distintas ações urbanas para refletir sobre as atuais urgências e emergências do espaço urbano por meio da arte, repensando os mecanismos que tornam a cidade exceção e as formas de existência e resistência diante dessas transformações.